segunda-feira, março 14, 2005

Mais um filho...

Sosseguem... acalmem-se que não vou dar aqui nenhuma novidade bombástica. hehehe. Tudo a seu tempo! Hoje quero levantar mais uma controvérsia. Especialmente para quem já é papá mas também para quem ainda espera vir a ser. Será que é justo ter mais do que um filho?! A questão já foi levantada noutro blog. Falaram-me neste post e fui ler. Tenho de confessar que estou totalmente em desacordo com a tese defendida. Mas fiquei a pensar nisto. A remoer. Vamos por partes. Primeiro, ter um segundo filho é injusto para quem? Para o segundo filho ou para o primeiro? Para mim, nenhum fica a perder mas sim a ganhar. O primeiro ganha um irmão. Alguém para partilhar as suas aventuras de uma forma que não há pai ou amigo no mundo que consiga superar. Isso eu sei. Sou a irmã mais velha de três irmãos. não sinto que perdi nada. Nunca. O segundo, ganha toda a experiência do mais velho. Ganha a experiência dos pais pelo que sofre menos com os ataques de pânico por desconhecimento que os papás de primeira viagem fazem tantas vezes. Isto eu também sei. Vi a minha própria mãe a cuidar da minha irmã mais nova (11 anos mais nova) e dizer que já não fazia isto ou aquilo como tinha feito comigo... resultado, a minha mãe passou as passas do algarve comigo e com os meus irmãos foi tudo muito mais fácil, para ela e para eles (eu sei que às vezes passa-se o contrário mas é só um exemplo) e eles sofreram menos do que eu, porque os meus pais eram hiper-preocupados comigo porque comia pouco, estava sempre doente, e consequentemente, andava sempre na pediatra que por sua vez era hipocondríaca (querem melhor combinação? Deu no que deu!). Segundo, o primeiro é mais especial que o segundo? Como? O primeiro é o primeiro tudo bem... mas o segundo é o... segundo! Não há nenhum segundo sem ser ele! Se não houvesse segundo também não havia primeiro. Só havia... o único. Mas porquê que havia de ser assim? Eu como mãe de uma filha única (por enquanto...) acho-a a mais linda do mundo, a mais especial, a mais isto e mais aquilo. Mas quando um dia tiver outro não vou mudar em nada a minha opinião! Nem lhe vou baixar os elogios! O segundo também será o meu mais que tudo! É só uma questão de trocar a sintaxe! Em vez de dizer que ela é a "minha bebé mais linda!" passa a ser a "minha menina mais linda!" o segundo passará a ser o "meu bebé mais lindo!". Estarei a mentir? Nunca! Só deixo de ter "a filha mais linda do mundo!" para passar a ter "os filhos mais lindos do mundo!". Terceiro, o segundo sofre com a comparação com o primeiro? Então e os pais não estão constantemente a comparar os seus filhos, únicos ou não, com os filho dos outros? Por mais que uma pessoa diga, é inútil comparar porque cada bebé tem o seu ritmo, gostava de conhecer o pai que nunca tenha comparado, altura, peso ou gracinhas com bebés alheios! E o primeiro não sofre com isto? Ai sofre, especialmente se lhe calhar uns pais que esperam que o seu filho faça tudo na altura que vem indicada nos livros especializados e ele teima em ser mais calão... os pais entram logo em desespero porque às x semanas o seu menino ainda não fazia isto ou aquilo, e o livro dizia que podia ser um sintoma xpto, e zumba, levam o miúdo para ser observado pelo pediatra. Existem... eu conheço. O segundo pode até ser comparado com o primeiro, mas qual é o mal? Umas vezes pode ficar atrás, mas outras não! Quarto, qual é a quantidade com se ama um filho? O amor mede-se? Para mim o amor sente-se. Faz-nos transbordar o coração de alegria. Faz-nos sorrir quando temos a mais terrível das dores de cabeça. Faz-nos dar a vida se nos pedirem sem pensar duas vezes se isso significasse a salvação de um filho. Amam-se os filhos na mesma quantidade? Não. Os filhos amam-se e ponto final. Um ama-se por ser meigo, o outro por ser temerário. Um ama-se porque é muitíssimo inteligente outro ama-se porque nos faz rir. Os filhos amam-se da mesma maneira? Sim, os filhos amam-se com o coração. Quinto, ao fotografarmos menos um filho que outro isso significa que é menos amado? O ser humano gosta de tudo aquilo que é novidade é certo. É por isso também que evoluimos. Essa paixão pelo novinho em folha obriga-nos a pensar em mil e uma formas de inovar o nosso dia-a-dia. O primeiro filho é uma novidade. Certo. Os pais até fotografam a primeira baba a escorrer pelo queixo se conseguirem apanhar o momento. É verdade. Mas o segundo filho não é menos fotografado por ser menos amado. O problema é que dependendo das idades que separam os manos, ele vem significar mais trabalho para os pais. E por vezes o cansaço fala mais alto. Além disso, os pais perceberam com o primeiro, que não é o número de fotografias que interessa. É o viver cada momento. Aproveitar ao máximo cada etapa dos seus filhotes. Sexto, para um casal poder ter mais do que um filho e gostar o mesmo de cada um e não ser injusto para nenhum... tem de ter gémeos? Ora pelo raciocínio anterior, se eu pensasse assim esta era a minha conclusão! Mas venham daí esses pais de gémeos dar o ar da sua graça (e eu que por acaso adoraria ter gémeos!) dizer que nunca comparam os filhos, que numas coisas um não é mais especial que o outro, etc. etc. E não nasceram ao mesmo tempo? não foi só uma gravidez e um parto? Não há sempre um mais despachado que o outro? Será que por ser mais despachado esse vai ocupar o lugar de primeiro? Sétimo, uma criança para não ser injustiçada tem de ser filha única? Quantos filhos únicos que eu conheço que o que mais gostariam de ter era um irmão! E faltam-lhes amigos? Não. E os pais dividiram o seu amor por eles com mais algum irmão? Não. E foram comparados? De certeza. Também conheço pessoas que têm irmãos e preferiam não os ter. Mas aí só posso dizer que eles não sabem o que é realmente ter irmãos! Eu pelos meus irmãos era capaz de tudo! Também tive momentos que protestava por eles existirem (ai puberdade, puberdade) mas hoje... do fundo do coração, se eu pudesse ter dado a minha vida para ter salvo a meu irmão eu não teria hesitado. E atrevam-se a pensar que escrevi esta linha de ânimo leve. É a pura verdade. Era só poder. Posso ter escrito este post num tom jocoso mas digo-vos, do fundo do coração de mãe e irmã. Acho que a maior prenda que eu um dia eu vou dar à minha filha... é um irmão. E se eu tiver sucesso na educação dos meus filhos. Eles vão-me agradecer por isso. Tenho dito.

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